domingo, 24 de junho de 2012

Cama


Meus olhos te encostavam a face com um toque aveludado, sutil. Te percebi em todos os aspectos. De vez em quando pedias para parar, mas como eu poderia? Como eu poderia me deixar longe, mesmo que por uma fração quebrada de tempo, da tua beleza tão intensa? Pude te perceber além dos olhos, da face, do corpo branco e quente que me segurava. Pude te perceber além das imperfeições, além da dor, além da capa que te protege do mundo e de ti mesma. Perdi-me em ti e tu me procuravas por entre o sonho e a realidade, sentindo-me tão perto que a minha respiração esquentava o teu rosto gelado pelo vento. Quando te percebi, você havia desistido de me encontrar e se rendeu a um mundo só teu, não mais o nosso universo mas sim o teu próprio. Parei de devanear e me prendi a entender o teu universo, quais tantas galáxias e buracos negros te dominam? Me surpreendeste ao me dar uma dica com as tuas expressões, parecias estar ouvindo alguém mas este não a convencia. Parecias desconfiada deste tal alguém. Talvez eu nunca saiba quem invadiu teu mundo, talvez nem você tenha percebido isso. Um suspiro meu mais forte te assustou, te jogou direto na realidade. Senti a dor do tombo em mim. Te deste conta de que estavas segura e tirou a roupa malmente abrindo os olhos, me pediu para tirar seu sutiã murmurando e eu o fiz de bom grado. Deitaste com o rosto voltado pra mim. Passei a te admirar, teu rosto, teu corpo coberto pela manta. Voltaste para o teu universo e me deixaste aqui, esperando por ti. Me surpreendeste de novo ao pôr tua mão quente em minha perna me mostrando que mesmo estando no mundo dela, ela me queria perto, para que eu estivesse aqui, a amando quando voltasse. Mesmo com a minha perna dormente, não queria tirar tua mão de mim, não queria que ela levasse outro tombo, não queria tira-la do mundo dela. Me perdoa por ter te assustado de novo e feito você levar outro tombo, não consegui ser sutil o suficiente. Te espero voltar e te espero com todo o amor que eu tenho.